sábado, 1 de maio de 2010

A Solidão pousou as suas pesadas malas, vazias como as levara.
Bebeu-me as lágrimas e os olhos a longos tragos.
E abriu uma gaveta e plantou lá nascentes e ribeiros e rios e mares.
Mandou-me ir na corrente.

Mas no meu mar revolto, desenhei as ondas ao contrário, roubei-lhes a espuma e escondi-a no bolso, soprei-as de encontro ao horizonte e tapei a luz do sol com um castelo de areia.

E, confusos, vieram os peixes todos à tona, as algas, os corais, conchas e pedrinhas coloridas, os caranguejos e as tartarugas.
E cercaram-me as gaivotas, batendo as asas descontentes com tamanho alvoroço.
(Mas, ao verem tanto peixe, agradeceram-me o almoço!)

E eu pirei-me de mansinho,
mais vale voltar para o meu cantinho,
que eu sou marinheira de alguidar,
E não sei ler o mar!

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