terça-feira, 25 de novembro de 2008

"E ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
deixas viver sobre a pele uma criança de lume
e na fria lava da noite ensinas ao corpo
a paciência o amor o abandono das palavras
o silêncio
e a difícil arte da melancolia"

Al Berto

segunda-feira, 17 de novembro de 2008


Canção dos abraços

"São dois braços, são dois braços
servem pra dar um abraço
assim como quarto braços
servem para dar dois abraços

E assim por aí fora
até que quando for a hora
vão ser tantos os abraços
que não vão chegar os braços

Vão ser tantos os abraços
que não vão chegar os braços
prós abraços "

Sérgio Godinho
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terça-feira, 11 de novembro de 2008


"Estava eu sentado, perto do mar, a ouvir com pouca atenção um amigo meu que falava arrebatadamente de um assunto qualquer, que me era apenas fastidioso. Sem ter consciência disso, pus-me a olhar para uma pequena quantidade de areia que entretanto apanhara com a mão; de súbito vi a beleza requintada de cada um daqueles pequenos grãos; apercebia-me de que cada pequena partícula, em vez de ser desinteressante, era feito de acordo com um padrão geométrico perfeito, com ângulos bem definidos, cada um deles dardejando uma luz intensa; cada um daqueles pequenos cristais tinha o brilho de um arco-íris... Os raios atravessavam-se uns aos outros, constituindo pequenos padrões, duma beleza tal que me deixava sem respiração... Foi então que, subitamente, a minha consciência como que se iluminou por dentro e percebi, duma forma viva, que todo o universo é feito de partículas de material, partículas que por mais desinteressantes ou desprovidas de vida que possam parecer, nunca deixam de estar carregadas daquela beleza intensa e vital. Durante um segundo ou dois, o mundo pareceu-me uma chama de glória. E uma vez extinta essa chama, ficou-me qualquer coisa que junca mais esqueci que me faz pensar constantemente na beleza que encerra cada um dos mais ínfimos fragmentos de matéria à nossa volta. "

Aldous Huxley

Que bonitas são as coisas simples!

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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

segunda-feira, 3 de novembro de 2008



"De olhos na falésia, espera pelo vento,
ele dá-te a direcção."

Vou. Parto sem mapas, sigo o vento. Perco a conta às viagens e são sempre de menos. Perco-me nas idas e nos regresos e já não sei qual é a partida e qual é a chegada, fundem-se e confundem-se os pontos, as linhas, os caminhos e os horizontes. Não sei onde principio e onde me torno finita. Que importam as definições? Quero ser sem definição. Às vezes quero até nem existir, porque o que não existe não tem fim. As partidas são regressos e os regressos são ponte para nova estrada. Que pena não ter perdido este autocarro... Muitos outros tenho à espera para perder, só para meu prazer.
Quando volto? Volto hoje, sempre hoje.

Gosto da espuma branca das ondas, quando se desfazem na palma de meus pés descalços.
E gosto quando o mar puxa de novo para si a água das ondas desfeitas e a areia foge debaixo de meus pés.


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domingo, 2 de novembro de 2008



website stats "Se eu largar eu sinto a sua falta
Se eu agarro ela perde a cor
Ela não é dos meus dedos
é dos meus medos
e faço-me passar por uma flor..."