segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Mãos
Hoje acordei com uma vontade (urgência) de tuas mãos... Mãos que as minhas ainda não conhecem, mas que as sonham ao acordar junto às minhas, aninhadas nas minhas, todas elas minhas e todas as minhas tuas. E fiquei na cama toda eu dentro das tuas mãos, vendo-nos andando pela rua lado a lado, mãos nas mãos, por entre a multidão de pessoas aceleradas, todas iguais. As nossas mãos tocando-se pela primeira vez, timidamente, com o nervosismo tremer dos primeiros encontros, o bater acelerado do coração nas pontas dos dedos, o descobrir de cada linha da tua pele a cada passo que damos... E os teus dedos entrelaçados nos meus, os meus dedos dançando por entre os teus, a tua pele dentro da minha... As nossas mãos a fazer amor, sem mais mundo à nossa volta, as mãos a fazer o nosso amor, todo o mundo é só nosso, o amor a fazer as nossas mãos e nada faz mais sentido que isso.
Acordar de novo e amanhecer-me.

Há sempre uma noite em que de mansinho fugimos de nós.
Há sempre um rasgar de algemas e um salto de dentro do sono, para acordar dentro de um sonho.
E é com um olhar e um sorriso que apagamos o mundo e tudo quanto há à nossa volta, para ficarmos mais perto do céu.
E é à lua que pedimos uma alma emprestada.
E é com estrelas que colamos os pedacinhos soltos do coração.
E é com volúpia que me deito ao lado de mim mesma.
Adormeço.
Rasgo o casulo, espreguiço as asas, bebo a luz da aurora e voo livre, de encontro à paz.