quinta-feira, 6 de maio de 2010

Partiu e ninguém sentiu a sua falta.
Não houve abraços, nem beijos demorados, nem uma lágrima marota no canto do olho.
Levou na mala só os braços vazios.

Saiu no alvor do dia, sem mapa nem bússula, guiada pelo ritmo dos seus pés em movimento.
Atirou as chaves ao rio e a mala aos pardais.

Trocou as horas por flores e das flores fez palavras.
Semeou as palavras ao vento e do vento colheu o silêncio.
Do silêncio nasceu a música.
Na música enlaçou-se a dança.
E dançou... dançou... e dançou... até adormecer embalada num rodopio.

Acordou, espreguiçou-se, esfregou os olhos e abriu a janela.
E deu-se conta de que nem sequer chegara a partir.


A manhã é sempre mais bela.


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