"If doors of perception were cleansed everything would appear to man as it is, infinite"
William Blake
Há muito que arranquei todas as mias portas... :)
sábado, 26 de maio de 2007
"nos pesadelos os monstros às vezes temem que os olhemos de frente que possamos apagar-lhes a sombra ou acordá-los a meio da tarde abrindo as portadas dos seus refúgios deixando a luz avassaladora a cobrir-lhes o corpo a queimar-lhes as pupilas remanescentes como se fôssemos nós os monstros deles" http://presadopadrepedro.blogspot.com/
Medo. A vida são constantes regressos. As ruas de todos os dias. Aos trabalhos de sempre. As mesmas casas. As pessoas que não conhecemos mas com quem nos vamos cruzando. As terras por onde vamos passando. Ao sol. À chuva. Aos fugazes momentos talhados de uma perfeição ilusória. Aos erros de sempre. Às mesmas dores de sempre. Às feridas que nunca cicatrizam por completo e que os regressos teimam em abrir ainda mais. Desisto. Desisto de tentar não regressar.
"Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento ...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva ...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja ... "
Alberto Caeiro